A quaresma é um tempo especial para a Igreja Católica como caminho de preparação para a grande festa cristã católica- a Páscoa.
O centro de toda a fé cristã é a PÁSCOA: passagem da morte para a vida de Jesus Cristo. Libertação de todos os males humanos. É daí que vem toda a nossa fé, toda a nossa esperança e toda a nossa caridade.
A quaresma é um tempo de preparação interior de libertação e aperfeiçoamento cristão.
Os católicos são convidados a fazer um corte com tudo o que é mau: egoísmo, vícios, defeitos, falhas, pecados. Recorrendo ao sacramento da confissão (ou reconciliação ou penitência), fazendo um propósito firme de emenda para tentar mudar o rumo da sua vida e remediar (compensar) o mal que se fez, caso tenhamos prejudicado alguém.
O mais importante não é a abstinência de carne às sextas-feiras da quaresma (cortar com a carne), mas a conversão da alma e do coração, cortar com o pecado, com o que não presta, como se podam nas videiras os ramos que não deixam a árvore dar bom fruto. O sacramento da confissão pode ajudar a essa mudança de vida seguindo os critérios do Reino de Deus.
O problema é que hoje, muitos católicos já não sabem o que é pecado e para alguns nada é pecado, tudo é permitido, tudo é lícito, tudo se pode fazer… Perdeu-se a consciência do pecado.
O maior pecado da humanidade é ter perdido a noção de pecado.
Segundo o Novo Testamento, o pecado é uma falta de amor em quatro direcções:
1- Pecado é falta de amor a Deus. Não rezar, não praticar a religião. Faltar à missa ao sábado ou ao domingo. Não dialogar com Deus. Ignorar Deus. Viver como se Deus não existisse, sem a Sua influência na nossa vida.
2- Pecado é falta de amor aos outros. Palavrão que ofende os outros, indelicadezas, ingratidões, criticar, desobedecer, murmurar, mentir, magoar, insultar, roubar, prejudicar, explorar, abusar, infidelidades sexuais, destruir, vingar-se, odiar, matar.
3- Pecado é falta de amor a mim mesmo. Palavrão, abusar de comidas, bebidas, vícios e excessos que põem em risco a saúde e a vida nossa e a dos outros, abusar da sexualidade. Estragar, distorcer ou sujar a imagem e semelhança que eu devia ser de Deus e não sou.
4- Pecado é falta de amor à natureza. Poluição, atentados contra o ambiente, incendiar a natureza.
Não se trata de uma lista completa, mas apenas muitos exemplos.
PECAR É NÃO AMAR. Falo de AMOR de verdade. Hoje quando se fala em amor, muitos pensam logo em sexo.
Quando eu não amo a Deus, não amo os outros, não me amo a mim mesmo e não amo a natureza, estou a pecar.
Claro que o pecado tem graus, como uma ferida pode ser mais ou menos grave.
Pecado venial ou leve, pecado grave e pecado mortal.
Diz-se mortal porque corta (mata) a relação com Deus, com os outros, comigo mesmo e com a natureza.
Quem começa por pecar de forma venial, se não se corrigir, corre o risco de pecar de forma grave e até mortal. Uma ferida ou sara ou tende a agravar-se e degenerar em cancro e ser mortal. O mesmo se passa no campo da moral.
Quem começa com um palavrão ou se corrige, ou vai aumentar. O mesmo se diga de quem rouba, de quem mente, de quem engana, de quem abusa.
Meu irmão e minha irmã católicos, procuremos aproveitar este tempo favorável da quaresma. Aproximemo-nos de um sacerdote, reconciliemo-nos, confessemo-nos, façamos um propósito firme de emenda, remendemos o mal feito aos outros (compensando-os ou restituindo se for caso disso) e ficaremos aliviados de tanto lixo que carregamos dentro de nós, que nos intoxica e não nos deixa ter alegria, nem ser felizes. Não nos deixa sermos imagens da beleza, da bondade e da santidade de Deus.
P. Albano Sousa Nogueira