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Quanto mais pobres formos a nível espiritual, mais ficamos ansiosos e ressentidos com os outros se não recebermos agradecimento pelo que fizermos.
Quanto mais ricos espiritualmente formos, cheios de humildade e vivermos apoiados e cheios de Deus, menos ficamos desiludidos e ressentidos com os outros porque sabemos que tendo o amor de Deus, temos tudo.
Ele é fiel, infalível, não desilude e recompensa sempre.
Percebemos que Deus ocupa-se de nós porque nos ama.
O Pai do Céu, no seu imenso amor por nós, dá-nos sempre o melhor, mesmo que se trate de sofrimento, ou até de morte.
Na realidade, tudo o que sucede na nossa vida é um encontro com a presença amorosa de Deus.
Se aceitarmos a vontade de Deus, ela terá poder curativo em nós; será apoio e salvação para a alma, mesmo que não seja apoio e salvação para o corpo.
Muitas vezes a vontade de Deus é difícil de aceitar e nós porque somos fracos e pecadores, antes queremos o que nos agrada, ainda que seja falso como o ouro falso.
O nosso egoísmo é sôfrego deste tipo de alimento, de apoios humanos apesar de sabermos que ele nos envenena.
O nosso problema é que estamos cheios de orgulho, de exigências, esperando sempre que nos retribuam e nos amem, em lugar de contarmos mais com Deus.
E por causa dessas expectativas insatisfeitas, vivemos cheio de ressentimentos e amarguras.
Com humildade e fé deveríamos repetir: "Dou-te graças, Senhor Jesus, porque me amas como sou e me estreitas em Teus braços".
Santa Teresa do Menino Jesus (1 de Outubro) dizia que era uma graça não encontrar apoios humanos porque essa amargura nas amizades da terra levava-a a abrir-se mais para Deus, a colocar n' Ele a sua confiança e apoio.
2- As forças enganadoras do "Eu" humano
O pecado original feriu a natureza humana e introduziu na alma a tentação de ser como Deus, a querer ultrapassar sempre mais os seus limites.
Em vez de aspirar pelo poder de Deus, o homem esforça-se por encontrar apoio no seu próprio "Eu", quase sem precisar de Deus (orgulho, soberba).
O medo de muita gente frente ao futuro deve-se ao facto de não pôr a sua esperança em Deus; não acreditar que Ele cuidará de nós.
Cuida de nós através dos outros.
Muitas vezes Deus vai-nos purificando para pormos cada vez mais a confiança n'Ele.
Quanto maior for a nossa fé, mais poremos em Deus a nossa confiança. Para isso precisamos de fazer muitas vezes actos de fé, de esperança e de confiança e dizer como no evangelho: "Jesus, Filho de David, tem piedade de mim... Salva-me, Senhor... Senhor, salva-nos que perecemos. Bem vês, Senhor como eu Te sou infiel e contagio os outros com a minha tristeza e a minha forma de pensar totalmente humana. Senhor, peço-te que me salves, me purifiques".