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sábado, 8 de janeiro de 2011

MISTÉRIO DE DEUS – 14

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Há uma grande fome de Deus no mundo”- Madre Teresa de Calcutá
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Fé e religião
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A revelação mais profunda de Deus está inscrita na Encarnação, na crucifixão, mas também na Ressurreição de Cristo.
Mas porque é que Deus, em si próprio, nos permanece tão invisível aqui em baixo?
Porque é que não somos gratificados com uma intuição espiritual de Deus? Porque é que a Bíblia diz que não se pode ver a Deus aqui em baixo sem morrer?
É porque o percurso do nosso ser animal, rumo ao absoluto, exige tempo.
É porque Deus nos manda fazer a aprendizagem da comunhão com Ele, de maneira laboriosa, serviçal e não angélica.
É também porque Ele não quer impor o amor pela evidência da Sua suprema beleza, mas deixá-lo à escolha da nossa liberdade, na noite, onde se formam os laços de amor com Ele.
O caminho de Deus passa pela religião.
Religião vem da palavra “ligare”: ligar, religar.
A religião é algo que nos liga a Deus através do percurso da fé.
Não se deve opor a fé à religião.
A fé é essencial pois ela adere a Deus.
A fé é um dom de Deus, vem de Deus e atinge Deus com a certeza de Deus.
Apesar de Deus ser Invisível, a fé precisa de apoios nas realidades materiais, sinais visíveis, sensíveis adaptados à nossa natureza humana que é a religião.
A religião é formada por ritos, visíveis e sociais que nos conduzem a Deus, segundo a máxima: pelas coisas visíveis chegamos às invisíveis.
Esses sinais sensíveis da religião existem em todos os povos religiosos e são bem visíveis no Antigo Testamento nos seus ritos, cerimónias, holocaustos, sacrifícios. No N.T.
Deus Invisível fez-se visível em Jesus Cristo, Transcendente na sua divindade, mas adequadamente ao nosso nível, segundo a humanidade.
O próprio Jesus instaurou os sinais sensíveis pelos quais nós caminhamos em direcção a Ele pela oração e sacramentos: o baptismo e a Eucaristia, onde Ele se dá em alimento.
Jesus dá-se a nós através do acto mais elementar da vida humana: comer.
Comer é um gesto animal e social e Jesus Cristo dá-se a nós dessa maneira.
Aceitemos a humildade dos nossos actos com Deus, inerentes à nossa natureza.
Os sinais de Deus podem parecer banais e irrisórios, mas é a forma que Deus escolheu para se comunicar connosco e onde Cristo age se forma eficaz nos sacramentos.
Existem ainda os sacramentais: imagens, ritos, água benta, bênçãos, monumentos, objectos, ex-votos, devoções, peregrinações que o povo gosta de praticar.
A fé sem religião degrada-se, evapora-se, desaparece.
É fundamental a ligação entre fé e religião: uma sem a outra não basta. Praticar a religião sem fé não tem significado; é um gesto vazio, ritualismo sem vida.
Dizer que se tem fé e não se pratica a religião, é uma teoria que não se concretiza em actos.
São os ritos e sinais sensíveis praticados com é que ainda mais alimentam a nossa fé e prepararão o reencontro com Deus, que tem de ser sempre pessoal.

Pe. Albano Nogueira

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