5- A purificação das relações humanas
O mundo que nos rodeia fecha-nos cada vez mais a Deus na medida em que nos convida a procurarmos apoio em coisas e pessoas.
As coisas e pessoas são importantes e necessárias, mas apenas como meios para descobrirmos a presença de Deus na nossa vida, não como fins.
A vida é caminhar para Deus.
As coisas e pessoas são como que a paisagem que encontramos no caminho.
Mesmo sendo linda, não podemos ficar parados a contemplar a paisagem, deixando de caminhar para a meta.
As coisas e pessoas visíveis devem ser um instrumento de que Deus se serve para se revelar, Ele que é Invisível.
Pelo natural subimos ao sobrenatural; pelo material elevamo-nos até ao espiritual.
As coisas e as pessoas devem ser degraus a subir para o Céu, para Deus e não escada a descer para o inferno.
A pessoa demasiado apegada às criaturas não pode unir-se ao infinito de Deus.
Por esta razão, Deus quer purificar a nossa relação com os outros, mesmo os laços de sangue e matrimonial.
A pessoa que nos ama deveria ser um instrumento nas mãos do Pai que nos ama; um dom de Deus e uma ajuda no caminho da santidade.
Se a alma e o coração se apegam à criatura, o dom torna-se mais importante que o Doador, encobre-o e começa a desempenhar o papel de ídolo.
Como a criança mal educada que recebe um presente magnífico e se esquece completamente da pessoa que lho deu.
Virou as costas à pessoa e só liga ao brinquedo.
Cada dom deve lembrar-nos o Doador, levar-nos a centrar a nossa atenção em Deus.
O mesmo se diga no matrimónio: deve-se amar as pessoas, mas como um dom de Deus, sem esquecer o Doador.
Uma pessoa amada não pode ser adorada como um fim em si mesma, mas ser vista como caminho para Deus, para a pessoa se santificar.
Seguir a Cristo é desprender-se, renunciar a apoios humanos para se apoiar n'Ele.
As nossas desilusões com os outros vêm pelo facto de procurarmos neles o apoio que devíamos procurar em Deus.
Muitos sentem-se enganados, prejudicados, traídos porque esperavam apoio de outros e não o encontarram.
Outros têm a mesma queixa de nós que os desiludimos, enganámos, traímos.
Isto que é um mal a nível humano vai ser uma oportunidade para Deus nos purificar.
Por isso, não devemos ficar amargurados, ressentidos, tristes, mas reconhecer a verdade acerca de nós e dos outros, nos ajoelharmos diante de Deus e rezarmos para que Deus nos dê um fé muito grande e purificada que nos leve a não colocarmos tanto a nossa confiança nas pessoas, mas em Cristo.
A desunião em relação aos outros é uma oportunidade de que Deus se vai servir para se unir mais a mim e a ti.
Os santos, quanto mais perdiam o apoio das pessoas mais chegadas, mais se abandonavam a Deus sem reservas.
O nosso Pai do Céu quer que vamos encontrando o apoio que nos dá através dos outros, principalmente daqueles que são instrumento nas suas mãos.
Aqueles por quem temos uma amizade puramente espiritual: confessor, sacerdote, director espiritual.
Quanto mais essa pessoa fôr santa, mais nos pode ajudar a procurar apoio em Deus.
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