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terça-feira, 23 de março de 2010

3- A AFECTIVIDADE - 3

A AFECTIVIDADE / SEXUALIDADE
albanosousanogueira@sapo.pt

Continuando a abordar o tema da afectividade como uma das “salas” ou andar que compõem o ser humano e continuando o tema publicado há dias, eu diria de forma rude, directa e algo grosseira que muitos jovens e menos jovens hoje “sabem ter relações sexuais”, ao nível instintivo, biológico, sabem usar o sexo, mas “não sabem fazer amor”; não sabem “sentir” o amor, a ternura, o carinho, a delicadeza, respeitar o outro, escutar o outro, cultivar o silêncio para ouvir, ter um amor comprometido, acolher e perceber o que se passa com o outro, a outra…
Hoje vive-se a ditadura do corpo, do prazer próprio, do relativismo, do egoísmo.
A afectividade (capacidade de amar e ser amado) é uma aprendizagem que se tem de fazer ao longo da vida e os pais têm de ser os primeiros mestres dos filhos a ensinar a amar pela palavra e pelo exemplo de amor entre eles.
Amar é dar e receber, melhor dizendo, dar-se e receber-se.
É abertura e acolhimento do outro.
Aceitação de si mesmo e aceitação do outro.
Amar é uma união entre dois seres sem confusão, sem anulação do outro.
Amar é diálogo: saber falar e saber ouvir.
Amar é acolher a diferença que há no outro, não querendo que ele seja igual a mim, mas igual a ele mesmo.
Amar é estar atento ao que o outro tem para nos dizer e desejar ouvi-lo.
Amar é esquecer-se de si mesmo(a) para pôr o outro em primeiro lugar.
Amar é uma dimensão espiritual e interior da pessoa humana, mas, infelizmente, tantos e tantos já não frequentam essa “sala” da sua casa, do seu interior, pois só ligam ao material, materialismo, consumismo, hedonismo (procura só do que dá prazer).
Todos estes “ismos” correm o risco de transformar a pessoa num “objecto” que usa, que se usa, que consome, que compra, que vende… e que se põe de lado, deita fora...
Esta é a pobreza afectiva e espiritual a que assistimos nos dias de hoje.
É este vazio que se nota em tantas conversas, nos diálogos, com os outros: banalidades, superficialidades.
Falta interioridade.
Hoje a ligação entre muitos homens e mulheres, entre rapazes e raparigas é mais uma ligação entre objectos do que entre pessoas.
E o pior é que muitas pessoas não se apercebem isso e embarcam nesta degradação da pessoa.
Quando dois jovens (rapaz, rapariga) sem amor, sem projecto de vida, sem perspectiva de futuro, sem compromisso se entregam sexualmente um ao outro, eles estão apenas a ser um “objecto de prazer sexual” um para outro.
São duas pessoas, mas rebaixadas ao nível de objectos, duas máquinas de prazer sexual que se usa e põe de parte quando já não interessa. Como quem usa umas meias, umas calças, uma camisola…
É o rebaixamento da pessoa e infelizmente tantos e tantas não se apercebem disso.
Andam um com o outro (a) como quem experimenta um carro, um instrumento musical, como quem experimenta um objecto…
Há uma visão cristã da vida, da família, da sociedade, da sexualidade, que infelizmente tantos católicos já não aceitam...
A consequência é o rebaixamento, a degradação da vida, das famílias, das pessoas, da sociedade, da sexualidade, etc...
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QUANTO MAIS EXTERIORIDADE,
MENOS PESSOAS SOMOS
E MAIS OBJECTO (COISA) SOMOS.
QUANTO MAIS INTERIORIDADE,
MAIS PESSOA SOMOS.

Pe. Albano Nogueira
(continua)

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