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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

MISTÉRIO DE DEUS – 3



“Porque é que Deus, tão essencial, o único essencial,
o Único a existir por Ele próprio
e a Fonte permanente de toda a existência, é tão esquecido?”

O porquê do esquecimento de Deus?
Isto tem a ver com as ideias que se foram espalhando e com a cultura.
Eu penso, Eu existo –
Esta lógica tendia a fazer do homem a medida de todas as coisas, a esvaziar tudo aquilo que o transcende.
Assim, tudo descambou para o racionalismo: o que vale é a razão humana, a sua inteligência.
A razão pode alcançar toda a verdade.
Só se deve confiar na razão e não confiar nos dogmas religiosos.
Depois passa-se ao subjectivismo: o que conta é o sujeito.
As realidades são todas subjectivas quer para o sujeito, quer em si mesmas.
Não há realidades objectivas.
Depois segue-se o agnosticismo (diz que o ser humano não consegue alcançar um conhecimento absoluto sobre certos fenómenos, tal como Deus e o sobrenatural) ou ateísmo (nega a existência de Deus, valoriza só a vida terrestre) e materialismo dialéctico (tudo se reduz à matéria.
Os valores supremos são os bens materiais, o dinheiro, o prazer, o poder, o sucesso, a fama.
Toda esta mentalidade foi afastando Deus da vida das pessoas que passaram a dar mais importância à ciência, à técnica, ao progresso.
Tudo isso é bom e Deus quer que o homem progrida, que domine a terra e o universo com a inteligência que é um dom de Deus.
O problema é que a ciência e a técnica entusiasmaram ou concentraram o homem na matéria.
Toda a preocupação e sabedoria foram ter mais meios para dominar a matérias.
E só a sabedoria e ciência que dominam a matéria é que foi valorizada. Até o homem passou a ser entendido apenas no seu aspecto técnico, material.
A eficácia material desagregou o Homem porque lhe faltou uma Sabedoria.
Hoje há muita informação, muita formação humana;
muito conhecimento técnico e científico,
mas falta a SABEDORIA que é dom do Espírito Santo, dom de Deus.
O progresso tornou-se ambivalente (mistura de bem e de mal).
Os humanismos não criaram um paraíso na terra.
A violência, a insegurança, as guerras, o terrorismo, as doenças, a destruição da natureza (poluição dos mares, rios, lagos, incêndios, destruição da camada protectora do ozono, aquecimento global, destruição das florestas) aumentam cada vez mais.
O esforço e o progresso humano são admiráveis em muitos aspectos, mas são mesquinhos porque esquecem o essencial: Deus.
A nossa civilização ocupa-se dos “mecanismos”, mas esquece o “ser”. Ocupa-se do “como”, mas esquece o ”porquê”.
Porque é que existem as coisas em vez do nada.
Onde está a razão de ser do mundo e das pessoas?
Este mundo não tem a razão de ser nele mesmo.
Tudo nele é contingente, tudo nele é dependente.
Se este mundo vem do não-ser (não existia antes de existir).
Logo, alguém lhe deu o ser e Esse alguém nós católicos chamamos Deus; e vai para o não-ser através da degradação progressiva da energia.
A ciência moderna nunca chegará a perceber a perceber que o cosmos existe por acto de amor livre e gratuito de Deus que deu o ser ao não-ser.
O homem progride no aspecto científico, mas regride na sua referência ao essencial, a sua dimensão espiritual ligada a Deus.

P. Albano Nogueira
(continua)

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